Eu!

...

18 de outubro de 2002

Não importava o dia, chegava em casa, a mochila era esquecida em algum lugar da casa, corria, abraça e beijava sua mãe, esperava que ela fizesse “bolão” para comer, e ficava com o bocão aberto esperando o aviãozinho. A roupa nem trocava e já em cima da bicicleta estava ele, correndo, fazendo disputa com os amigos imaginários. Eles brigavam pra ver quem chegava primeiro à pracinha. Mas nada para ele tinha comparação com o balanço da pracinha, tinham dois, lado a lado, o azul era o dele.
Sentava e ali começava sua viagem.
De olhos fechados voava, sentia o vento bater em seu rosto, e o sentimento de liberdade era ele, tinha nome, ali ele encontrava seu mundo, onde tudo era bom, onde tinha amigos, uma nova familia, chegava a conversar com aquelas pessoas que ele nunca tinha visto antes, estavam dentro dele, eram só dele aquelas pessoas, mas elas tinham nome, elas tinham sentimentos, elas viviam, ali, naquele lugar que o balançador o levava enquanto ele voava.
Até que um dia chegou na pracinha e o balanço azul não estava mais lá, chorou, tentou encontra-las no escorregador, na gangorra, nos balanços azuis de outras pracinhas, nos outros brinquedos.
Chorou mais uma vez.
Desistiu.
Cresceu.
Pensou em ser astronauta, ainda sonha em ser piloto de avião.
Ainda quer encontrar aquelas pessoas que um dia deu um tchau sem saber que deveria ter dado adeus.